sábado, 16 de agosto de 2008

Mais alma


Eu quero mais alma
Em tudo que faço
Em cada gesto
Cada ato
Quero ignorância
Que redime os erros
Quero menos culpa
Menos medo
Libertar-me do eu
Que de mim me afasta
Quero ser sem pudores
Sem falácias
Eu quero verdade
Que por si me basta
Quero mais de mim
Menos não, mais sim
Mais alma.

domingo, 29 de junho de 2008

Solstício


Estou inerte
Presa ao passado
Lembrando o seu
Sorriso magnético
Ao qual sucumbiu
Tolo o meu olhar
Eu me perdi de mim
Desapego concreto
Não quero mais amor
Não quero lágrimas
Somente algumas
Promessas esquecidas
Para assim esperar
Sem ânsia, sem pressa
Que o solstício ilumine
Essa vida sintética.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Revés


Esta é a palavra certa
Para dizer o incerto
Minha imprecisão
Este é o momento certo
Para pensar no sim
E dizer um não
Quero fazer ao revés
Do que penso
Já que não tenho sorte
Se sigo a razão
Quero sentir ao avesso
Sentir minha culpa
Sem buscar perdão
Quero tudo do nada
Felicidade malograda
E os pés saindo do chão.

(Mariana Ribeiro e Leeh)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Entrega


Permanece feito brilho
De um sorriso em meus olhos
Sua imagem forte, nítida
Mesmo que desejo utópico
Guarda-me em lugar seguro
Do coração que flameja
Que almeja amor futuro
E desdenha o que o espreita
Oferece qual semente
Que se entrega ao solo fértil
Um amor que é forte e débil
Pois só morrendo renasce
E por ser livre pode entregar-se
Como cativo ao coração.

(Mariana Ribeiro)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Resistência


Escutei o sol raiando
Ou eram pássaros
No labirinto de minha mente
Um sol guardado
Para que só eu o ouvisse
E vê-lo nunca
Feito desejo irrevelado
Que dentro pulsa
No coração multicolor
De cores lânguidas
De dúbias vontades, criador
Impuras, cândidas
Guardei meu sol em urna mística
Fundida em aço
Impenetrável coração
Dilacerado.

(Mariana Ribeiro)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tentativa


Abandono-me nos seus infernos
Nas suas dúvidas, nos seus medos
Talvez assim eu lhe encontre
E me encontre ao seu lado
Talvez assim eu reviva
Os sentidos dormentes
Pensamentos dementes
Que bem podem sanar-me
Da anti-vida oxidante
Que corrói o que me resta
De humano.

(Mariana Ribeiro)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Conclusão


E me incomodei tanto
Sofri tanto
Para no fim descobrir
Que não ligo
Que o obstáculo
Por mim suplantado
Rendeu pouco regozijo
Nas vértebras da memória
Atrofiam-se um a um
Apagando por fim a chama
Necessária para sobrevivência
Dessa carne fria que renega
Sua verdadeira condição
E submete-se à ilusão
De dizer-se ainda viva
Mesmo já dissecada
Sobre a mesa da apatia.

(Mariana Ribeiro)

domingo, 13 de janeiro de 2008

Cronologia


Eu queria ter tempo
Todo tempo do mundo
Só para jogar fora
Para desperdiçar
E que passasse lento
O meu tempo de ócio
Todos os despropósitos
Nos quais me vi atar
Vou quebrar o relógio
Vou desfazer o laço
Descravar os ponteiros
De minha pele de aço
Deixarei para o músculo
De batidas perfeitas
A cronologia honesta
À qual quero estar sujeita.

(Mariana Ribeiro)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Versos in vitro


Forjei lindas palavras
De beleza insana
Equivoquei sentidos
Mesclei versos in vitro
De forma leviana
Tentando esquecer-me
De vícios e verdades
Parti-me em metades
Refiz-me sem pudores
Guardei só a essência
O resto está no lixo.

(Mariana Ribeiro)