quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Tentativa


Abandono-me nos seus infernos
Nas suas dúvidas, nos seus medos
Talvez assim eu lhe encontre
E me encontre ao seu lado
Talvez assim eu reviva
Os sentidos dormentes
Pensamentos dementes
Que bem podem sanar-me
Da anti-vida oxidante
Que corrói o que me resta
De humano.

(Mariana Ribeiro)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Conclusão


E me incomodei tanto
Sofri tanto
Para no fim descobrir
Que não ligo
Que o obstáculo
Por mim suplantado
Rendeu pouco regozijo
Nas vértebras da memória
Atrofiam-se um a um
Apagando por fim a chama
Necessária para sobrevivência
Dessa carne fria que renega
Sua verdadeira condição
E submete-se à ilusão
De dizer-se ainda viva
Mesmo já dissecada
Sobre a mesa da apatia.

(Mariana Ribeiro)

domingo, 13 de janeiro de 2008

Cronologia


Eu queria ter tempo
Todo tempo do mundo
Só para jogar fora
Para desperdiçar
E que passasse lento
O meu tempo de ócio
Todos os despropósitos
Nos quais me vi atar
Vou quebrar o relógio
Vou desfazer o laço
Descravar os ponteiros
De minha pele de aço
Deixarei para o músculo
De batidas perfeitas
A cronologia honesta
À qual quero estar sujeita.

(Mariana Ribeiro)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Versos in vitro


Forjei lindas palavras
De beleza insana
Equivoquei sentidos
Mesclei versos in vitro
De forma leviana
Tentando esquecer-me
De vícios e verdades
Parti-me em metades
Refiz-me sem pudores
Guardei só a essência
O resto está no lixo.

(Mariana Ribeiro)